Parece uma afirmação básica, eu também pensava. Por isso, achei importante compartilhar informações sobre minhas reflexões geradas ao longo do evento da Microsoft EBC 2017, em Fort Laurderdale (EUA), do qual participei em setembro, quando tive a oportunidade de realizar uma palestra. Nesse encontro global, um vídeo do Waze atuou como uma provocação para despertar sobre a importância da digitalização de processos. [já conto].
Foi um acontecimento surpreendente da Microsoft para o seu ecossistema da América Latina. Entre especialistas da empresa nos mais variados temas que realizaram palestras estavam Lalo Steinmann, Public Sector director, que abordou o futuro da cloud; Merle Fernandez, Sales Desk manager, mostrando um case de Singapura de SmartNation; e Rafael Oropeza, Digital Architect, sobre o desenho do digital.
Representando a Lecom, também contribuí com o tema Agile and Digital Process, porque somos especialistas no Brasil. E comecei minha palestra justamente com a provocação: “O Waze não é somente um app de celular”.
Para as empresas nascidas no berço digital, como Waze, Uber, Spotify e Facebook, não há nada analógico quando se fala de processos. Todos eles são digitais – desde comercialização, suprimentos, logística a atendimento ao cliente (principalmente).
Apoiado nesse cenário, ingressei na história da minha apresentação e
exibi um vídeo do Waze chamado “Embrulha para viagem”, que mostra uma realidade lúdica de como ele seria se fosse um aplicativo (digital) e seu “back-off” (processos) fosse analógico.
É um vídeo muito engraçado, que mostra os atendentes consultando um mapa (antigo, de navegação de estradas) para guiar o “cliente” do Waze. Eles realizam mudanças em função de informações que vão chegando por meio da comunicação “boca a boca” de pessoas que entram na cena.
Waze desperta para o digital
A provocação foi pertinente porque na plateia não havia nenhum representante de empresa nascida digital. Todos, sem exceção, ainda mantêm muitos processos analógicos e, portanto, viram-se em variados momentos daquele vídeo.
Afinal, sabemos que uma fatia significativa de companhias possui procedimentos informais, em papel ou engessadas por algum sistema. Mas como mudar esse cenário?
No evento, ficou bem claro que ele irá piorar, em função de uma onda muito grande de transformação digital que está a caminho. Para enfrentar esse tsunami, será necessário estar apoiado em tecnologias transformadoras.
Entre elas, análise de dados, inteligência artificial e internet das coisas (IoT), capazes de proporcionar atendimento ao cidadão com maior qualidade, agilidade e menor custo. Além disso, geram aumento da competitividade e repaginação dos modelos de negócio.
Mas como participar dessa mudança de uma forma ágil e eficaz, se muitos dos processos ainda são analógicos? Este foi o ponto alto da minha contribuição. Muito se falou de tecnologias disruptivas, mas não será possível adotá-las se a informação e os processos não forem digitais.
O poder da metodologia ágil
Para que a empresa se torne 100% digital, é vital uma estratégia diferente e acelerada. Tudo deve estar on-line, principalmente os processos, independente dos seus níveis de complexidade. E mais: precisam ser baratos e simples. Não existem mais projetos que se estendem por seis longos meses, disse Oropeza em sua apresentação. De fato, ele está certo.
Os ciclos de entrega estão cada vez mais acelerados e apoiados por Minimum Value Product ou mesmo Process (MVP) – protótipo, validação e avanço. Sem isso, não há aprendizado e retorno rápido. O mindset precisa mudar rapidamente. A visão do todo é importante, mas a ação de entregar passa a ser maior.
No case apresentado por Merle, ela mostra que Singapura está se tornando 100% digital. Tudo pode ser acionado, solicitado e consumido digitalmente. “Singapura parece que está em eterna prova de conceito, ou seja, em experimentação”, declarou a executiva.
Isso é entrega em Metodologia Ágil. Trazendo para o universo de processos, significa olhar o todo (processo de ponta a ponta), com foco especialmente nas partes que não são digitais, mesmo que integrações, planilhas e arquivos trafeguem como anexos e depois se transformem em sistemas.
É totalmente possível afirmar que somente automatizar o fluxo já é um ganho significativo, sem contar que o processo, de alguma forma, torna-se digital e capaz de analisar, extrair dados e experimentar novas rotas.
O importante é que a tecnologia veio para mudar tudo e que o mundo pode ser melhor. Acredito que ela não se restringe a start-ups do Vale do Silício, reduto da inovação tecnológica em solo norte-americano. Ela está presente no nosso dia a dia. E ao alcance de quem quer, de fato, se transformar e se posicionar bem nesse novo mundo.
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Texto: Tiago Âmor: Operations Director at LECOM S.A. AND State Manager of SP at ABPMP Brazil